20 de novembro: Dia da Consciência Negra
A discriminação racial ainda existe na nossa sociedade. Muita gente se choca ao saber disso porque acha que o Brasil é o paraíso da igualdade racial, sexual e de gênero. Contudo, é só olhar atentamente para verificar que as coisas não são tão politicamente corretas quanto gostaríamos. As chamadas minorias (negros, mulheres, gays, imigrantes) são tratadas com inferioridade e subjugadas por não fazerem parte da chamada maioria. Agora o que o capitalismo define como “maioria” é a elite branca que controla o país.
Com o fim da escravidão, a nossa população negra foi jogada para os morros e favelas. Essa condição miserável de vida foi se perpetuando. A crueldade do poder econômico escravizou os negros e deixou marcas sociais insuperadas. Por isso, hoje, a maior parte da população pobre e favelada é negra.
O fato é que, fora à época de Carnaval, em que as mulatas brasileiras são alvo de cobiça sexual e vítimas deste estereótipo machista e racista, os negros ainda encontram resistência na carreira, nas oportunidades de trabalho, na vida cotidiana e são vistos sempre pela polícia como potenciais bandidos, são criminalizados pela etnia e pobreza.
A sociedade ignora que quem comanda toda e qualquer organização criminosa é uma elite que mora longe das favelas, que muitas vezes é eleita pelo povo brasileiro para uma vaga no Congresso Nacional. Essa elite é branca, rica e tem o poder econômico nas mãos.
Esse poder econômico é a lógica por trás de tudo. O capital precisa separar os trabalhadores, segregá-los em grupos para manter o controle sobre todos. E isso incrusta nas pessoas um sentimento de rivalidade e disputa que só perpetua a discriminação.
Ninguém nega que os negros construíram o Brasil, mas muitos questionam o sistema de cotas, por exemplo, por achar injusto um negro passar à frente de um branco. É claro que o sistema de cotas é um paliativo e não resolve o problema. Mas vocês já viram algum governo querer combater o problema? Governos estão à mercê do poder econômico, que não está nem aí para as chamadas minorias. Não existe essa história de oportunidades iguais inventada por uma meritocracia falaciosa. Negros e brancos não têm as mesmas condições de nada porque já nascem em um mundo segregado pelo poder econômico e que diferencia etnias entre si como perpetuação do poder nas mãos de uma elite branca racista, que se sente ameaçada com a inclusão do negro.
Quando alguém é questionado sobre isso, nós podemos ver o racismo velado: “Nada contra, até tenho amigos pretos (é assim que se fala), mas muitos deles têm preconceitos contra eles mesmos”. A discriminação racial velada é tão absurda que se chega ao ponto de acusar os negros de racismo para desviar o foco da questão e justificar a discriminação.
O racismo é cruel, é profundo, não pode ser negado para, enfim, o superarmos. Superarmos juntos com a discriminação as chamadas outras minorias rumo a uma sociedade que não segregue o seu povo entre diferenças de cor/etnia, sexo, nacionalidade, orientação sexual etc.
Um povo que inferioriza o semelhante não pode ser livre!