Quem não tem poder de con$umo não tem valor no capitali$mo
“Rolezinhos” expõem a discriminação $ocial e a herança ainda viva da escravidão
O capitalismo é um sistema econômico tão perverso que destrói qualquer possibilidade de convivência social pacífica. Isso porque o capitalismo é violento. A reprodução da sua cultura de valores corrói as relações sociais, cria diferenciações de classes brutais e barreiras invisíveis. Quem pode mais rechaça quem pode menos, muitas vezes, até inconscientemente.
Vez ou outra, alguns conflitos sociais expõem essas chagas e provocam um rebuliço na sociedade ao mostrar que não somos iguais, não existe igualdade de condições no acesso à educação, saúde, formação universitária, trabalho e choca aqueles trabalhadores assalariados que estão anestesiados pelo sistema.
O capitalismo nos estratifica em classes sociais. Essas classes são definidas pelo nível de renda e, consequentemente, de consumo. Daí, quem consome mais é visto como sucesso da meritocracia; quem consome menos, é visto como fracassado, preguiçoso, vagabundo. Para a meritocracia, idolatrada pela direita, tudo depende de esforço individual. Como se a filha da Xuxa, os herdeiros de Eike Batista, os filhos de políticos e autoridades alçadas a cargos públicos comissionados pelo simples e puro nepotismo tivessem concorrido e vencido nas mesmas condições de oportunidades os filhos do trabalhador e da trabalhadora assalariados. O conceito de meritocracia esconde o fato de que aqueles que nasceram em melhores condições de oportunidades sempre estarão à frente dos outros. Se tudo dependesse apenas do nosso próprio desempenho, todos seríamos “donos” de algum meio de produção de produtos ou serviços, não vendedores da nossa mão de obra assalariada.