sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

protesto-crime-2014Governo quer criar um AI-5 da Copa sob a balela de “Garantia da Lei de Ordem”
Políticos querem criminalizar o direito de protestar para garantir a exploração e corrupção sem ninguém poder se opor

O Brasil foi escolhido para receber a Copa e as Olimpíadas, principalmente, porque Europa e EUA estão falidos e vivendo de aparências. Talvez apenas um dos países do BRIC (Brasil, Rússia, China, Índia) poderia arcar com este rombo financeiro. Os estádios foram orçados em R$ 8 bilhões, mas já passaram dos R$ 31 bi. E conforme o evento se aproxima o rombo piora porque a Lei Geral da Copa permite contratos aditivos indefinidos e o sigilo de gastos, ou seja, a farra do boi de um Estado de Exceção.

É isso o que alimenta o sentimento antiCopa. Os protestos exigem prisão dos envolvidos nos superfaturamentos das obras da COPA; investimentos decentes em saúde, educação pública de qualidade, habitação; contra os despejos de comunidades inteiras por causas das obras; contra o avanço da violência sobre as periferias das grandes cidades; e – acima de tudo – pelo direito de PROTESTAR!

O Estado trata as manifestações com violência e repressão. O agravante da repressão às manifestações em 2014 é a volta de instrumentos da Ditadura Militar como coerção. Há mais de 40 projetos de lei no Congresso sobre terrorismo. Muitos deles tentam incluir como terrorismo qualquer passeata. O Projeto de Lei 728/011 dos senadores Marcelo Crivella (PRB-RJ), Ana Amélia (PP-RS) e Walter Pinheiro (PT-BA), foi apelidado de AI-5 da Copa por tentar classificar protestos como “terrorismo” e as restrições ao direito de greve, levando a um estado de exceção criado para o “período que antecede ou durante a realização dos eventos”. Há também a Portaria Normativa 3.461 do Ministério da Defesa, que dispõe sobre a “Garantia da Lei e da Ordem”. Já os senadores do PT Jorge Viana e Paulo Paim defendem a aprovação a toque de caixa do Projeto da Lei Antiterrorismo 499/13. E esse projeto é tão amplo que inclui até o direito legítimo de greve, o que é um absurdo.

OPORTUNISMO MIDIÁTICO

Os dois senadores petistas investem neste PL para aproveitar a repercussão da morte do cinegrafista da TV Bandeirantes, Santiago Andrade. Ocorre que já existe lei contra assassinato ou tentativa de assassinato. O que tem que se fazer é deter, julgar e prender quem cometeu este crime. Agora os políticos querem aproveitar a comoção social para empurrar a repressão. Querem botar na cadeia quem se manifesta! Isso é um Estado de Exceção, uma Ditadura Capitalista!

Os políticos não demonstraram solidariedade e muito menos compaixão por outro cinegrafista da TV Bandeirantes, Gelson Domingos da Silva, de 46 anos, morto no ano passado. Gerson fazia a cobertura da operação que os batalhões de Choque e de Operações Policiais Especiais (BOPE) realizaram na favela de Antares, em Santa Cruz, zona oeste do Rio de Janeiro, quando foi atingido por um tiro no peito.

Já a mídia aproveita para criminalizar os movimentos porque é interesse das empre$as de comunicação acabar com os protestos, já que a mídia corporativa também é alvo dos protestos. Isso porque só a Globo recebeu cerca de R$ 1 bilhão em propaganda do governo federal no ano passado e não quer perder essa “Bolsa Mídia” criticada pelos manifestantes. Sem contar os seus interesses comerciais na Copa.

O Jornal Nacional está com todo este sensacionalismo imoral para explorar a morte do cinegrafista como um atentado à liberdade de imprensa, o que é algo que nem existe. A única coisa que há no capitalismo é “liberdade de empre$a” da mídia. E se é para falar em imprensa, 75,5% das agressões a jornalistas partem da polícia. O número é de uma pesquisa da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (ABRAJI).

Propor novas leis, assim, é uma atitude ditatorial de uma classe política incapaz de garantir a segurança de seus cidadãos. Ao invés disso, a atitude mais efetiva seria simplesmente cumprir as leis já existentes. E mais: os manifestantes têm que ser ouvidos. E os políticos vão ter que aprender que o povo exige democracia com participação popular. Agora não é mais só votar e pronto.

Que punam-se os autores da agressão que tirou a vida de Santiago quando exercia sua profissão, não a sociedade por exigir das autoridades serviços públicos de qualidade e democracia. Aliás, o Ministério Público do Trabalho (MPT) já anunciou o objetivo de investigar porquê Santiago não usava equipamentos de proteção indicados para este tipo de cobertura no momento do acidente.

Nós temos que ter claro que o interesse dos governos e da mídia é aproveitar a morte de um trabalhador para calar a classe trabalhadora. Querem explorar, lucrar e nadar de braçada sem ninguém poder se opor. Não há nada mais no mundo que um governo de lobos queira do que um povo que se comporta como carneirinhos! Esta é a razão da bandeira “Se não houver direitos, Não Vai Ter Copa”!

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