Químicos apoiam greve de 24h na Revap contra a venda de ativos/privatização do Sistema Petrobras
Greve nacional de 24h! A base de trabalhadores da Revap, em São José dos Campos, e da Transpetro, em Taubaté, deflagraram greve de 24h contra a venda de ativos (privatização) das empresas do Sistema Petrobras. O corte de rendição na Revap começou ontem, às 23h. Na manhã desta sexta-feira, 24, a greve abrangeu todos os trabalhadores primeirizados e terceirizados. São mais de quatro mil trabalhadores em greve só na Revap. A paralisação é nacional e conta com mobilizações nas bases dos 17 sindicatos de petroleiros do país e da FNP (Federação Nacional dos Petroleiros). A greve atinge plataformas, unidades de refino, distribuição e sedes administrativas.
A paralisação foi apoiada pelo Fórum de Lutas da região, entidade que agrega sindicatos e movimentos sociais em lutas conjuntas da classe trabalhadora.
A greve é motivada contra o Plano de Desinvestimentos e o novo PNG (Plano de Negócios e Gestão) da companhia, que prevê a capitalização de até U$S 57 bilhões nos próximos anos com a abertura do capital de empresas do Sistema Petrobras ou a venda de direta de ativos no Brasil e no exterior, como: plataformas, navios petroleiros etc.
Essa ação de desmonte da Petrobras vai de encontro à abertura do capital da empresa na Bolsa de Valores de Nova York, em 1997, pelo governo Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, e visa avançar a entrega das nossas riquezas em petróleo e gás para o mercado internacional. O presidente da companhia, Aldemar Bendine, representante dos bancos no comando da empresa, e o Conselho Administrativo da companhia assumiram a tarefa de entregar as nossas riquezas em óleo e gás para o mercado. Ainda usam como justificativa a crise política gerada pela corrupção na empresa. A corrupção na empresa deve ser punida e todos os envolvidos desde a era FHC devem ser presos, sem dúvida, mas os danos causados pela corrupção tucana e petista na companhia durante décadas não podem ainda servir de argumentação para a entrega do ouro negro ao mercado externo. Afinal, não somos mais, pelo menos em tese, colônia dos países de primeiro mundo.
Contudo, corrupção é algo inerente ao sistema capitalista de exploração da mão de obrar e recursos naturais. Tanto é que no setor privado, apesar de não ser interessante ao capital especulativo desnudar, a corrupção também é alarmante e abrange políticos e partidos de todas as esferas públicas. Isso é o que provam os casos de corrupção Swissleaks, HSBC, FIFA/CBF e tantos outros.
Assim sendo, os ataques especulativos do mercado e as bravatas de setores políticos corruptos e entreguistas do Congresso e do governo federal comprometidos com as petroleiras internacionais não podem rifar o patrimônio nacional numa Black Friday de petróleo e gás. Ainda mais quando sabemos que este é um setor estratégico para o desenvolvimento do país. Tanto é assim que Noruega, China, Venezuela, Arábia Saudita, Kwait e Malásia, entre outros, mantém o controle governamental de suas reservas.
Os avanços entreguistas contra a Petrobras partem do mercado especulativo, das poderosas e criminosas petroleiras estrangeiras (que praticam cartel e estão envolvidas até no patrocínio a golpes de estado em vários países desde a década de 1970), do Congresso Nacional e de setores reacionários da elite político-financeira. É neste sentido que caminho o projeto do senador tucano José Serra, aquele mesmo envolvido em um grande escândalo de corrupção quando ministro da saúde do governo FHC.
O projeto de lei 131/2015 do senador José Serra abre o caminho para que as empresas petrolíferas estrangeiras assumam o controle e o ritmo da exploração das reservas brasileiras do pré-sal. E não estamos falando nem das petroleiras chinesas, que são estatais. O grave é que Serra “já havia prometido à petroleira norte-americana Chevron que faria mudanças no setor para facilitar o controle das reservas pelas multinacionais”. A denúncia foi apresentada pelo senador Roberto Requião (PMDB-PR), cujo partido também já se beneficiou por esquemas na Petrobras.
Além do projeto de Serra, três projetos foram apresentados na Câmara dos deputados na intenção de alterar o sistema de partilha (que em si já se trata de uma discussão rebaixada sobre a exploração do pré-sal. Ou seja, querem agravar o que já é ruim): PL 4973/13, do deputado Raul Henry (PMDB-PE), PL 6726/13, do deputado Mendonça Filho (DEM-PE), e PL 600/15, do deputado Jutahy Junior (PSDB-BA).
Em suma, esta greve de 24h representa a luta da categoria petroleira e da classe trabalhadora contra a fragmentação do Sistema Petrobras, contra a entrega fatiada do patrimônio do povo brasileiro para o mercado. É uma luta de todos nós defendermos toda a Petrobras daqueles que querem tirar do povo para garantir a exploração privada de um bem que pertence ao Brasil, ao seu povo trabalhador!