NÃO ÀS CAVAS DE AREIA!
Em 2012, Sindicato dos Químicos conseguiu impedir volta da extração de areia em São José dos Campos
Em 2012, uma ação do Sindicato dos Químicos conseguiu uma medida cautelar que depois foi confirmada com decisão final contra a revisão de lei municipal para permitir a extração da areia no Paraíba em São José dos Campos.
A extração na cidade já estava proibida, mas o lobby das empresas areeiras, financiadoras de campanhas eleitorais, quase conseguiu com que os vereadores de São José permitissem a volta da extração de areia no município. Esse é um dos danos claros do financiamento privado de campanha. As empresas elegem seus políticos e depois cobram a conta dos seus candidatos eleitos com mudanças, por exemplo, na lei de zoneamento, exploração de recursos naturais, transporte público, redução das áreas de preservação ambiental etc.
Vale ressaltar essa vitória em função do rompimento de uma cava de areia em Jacareí na sexta-feira de carnaval, 5, que deixou 500 mil pessoas sem água em São José dos Campos por quase 36h. Alguns bairros ficaram mais de 48h sem água. Esse é resultado da extração predatória, a destruição dos recursos naturais e da ganância e crimes do setor areeiro.
A cava de Jacareí estava abandonada e sendo usada ilegalmente por outra areeira. Outro ponto a salientar é que as cavas são abandonadas com contaminantes, como: alumínio e ferro, que podem contaminar o rio Paraíba e interromper o abastecimento de água a qualquer momento. A extração, infelizmente, é permitida em Jacareí e outras cidades do Vale. Agora foi apenas uma cava que rompeu. Há pelo menos duas centenas ao longo do Paraíba do Sul. Imaginem o risco de contaminação e cortes dos serviços de abastecimento a que correm os milhares de moradores do Vale do Paraíba. O acidente em Jacareí provocou corte de água também em Pindamonhangaba.
A extração de areia é uma atividade predatória para a qual não existe compensação ambiental. Sem contar que as cavas são possíveis focos da dengue, pois o mosquito transmissor da doença pode depositar ovos tanto em água limpa quanto em água suja.
As cavas comprometem a vazão do rio Paraíba, o que é ainda mais grave em épocas de crise hídrica, e provoca danos ambientais irreversíveis. Assim, toda a sociedade civil organizada, entidades de classe, movimentos sindical, estudantil e social devem manter a luta contra qualquer revisão na lei para atender aos interesses da areeiras. E temos ainda que avançar na discussão nas cidades onde a extração é permitida, pois mesmo sendo proibida em São José a população acabou sofrendo a consequência do rompimento de uma cava na cidade vizinha.