No Rio de Janeiro, o grande foco de coronavírus é na Barra da Tijuca, bairro de classe alta preferido por milicianos e pela família do presidente da república.
Outro foco, uma festa no alto do Jardim Botânico, com os nomes das famílias mais famosas do país, colaborou para espalhar o vírus pela cidade.
Uma empregada doméstica morreu após contrair o vírus de sua patroa moradora do alto Leblon.
E assim as favelas, os andares de baixo, vivem hoje a tensão de, sem a presença do Estado, sofrer com a doença transmitida pelos ricos. O novo coronavírus é, no Brasil, as sobras contaminadas do que ricos consumiram (na Itália ou em Aspen, segundo as ocorrências).
De direita, o bolsonarismo corre para fazer o mercado voltar a funcionar. A colocar a mesa para os que estão nos andares de cima, sem se importar com as consequências de quem está embaixo. Vidas que só importam em ano de eleição.
Bolsonaro é o violinista tocando para os passageiros da primeira classe do Titanic, durante o seu naufrágio. Titanic é um filme de esquerda que, como Avatar, este uma metáfora de defesa dos índios contra ataques de direitas conservadoras, tornou-se um dos filmes mais vistos da História.
No Brasil, as primeiras crianças famintas por conta da pandemia foram socorridas pela sociedade civil e, majoritariamente, por ONGs de esquerda que a direita persegue. A direita, por definição egoísta, “quem quer mais, quer sempre mais”, ajudou, até agora, os seus: o Banco Central vendeu reserva de dólares dólares e fez de tudo para acudir a queda das bolsas.
Ontem, com a pressão dos congressistas de esquerda, liberou finalmente alguma ajuda para os trabalhadores informais que foram colocados por eles mesmos na marginalidade.
Talvez esse reboot que o novo coronavírus está impondo à humanidade faça ela entender que os caminhos à direita perpetuam a riqueza dos ricos e a pobreza dos pobres. Talvez entendamos que, por termos sido levados ao fundo do poço, desenvolvemos compaixão por todos.
Trecho de crítica do filme O Poço (Netflix).