O Sindicato dos Químicos teve de mudar de gráfica para imprimir esta última edição do Boca no Trombone. A gráfica usual, bizarramente, não aceitou rodar porque achou o material muito crítico ao presidente. Não vimos uma declaração da gráfica sobre os milhares de mortes da pandemia, sobre a interferência política nas forças armadas, policiais, sobre os diversos crimes de responsabilidade do presidente da república, sobre o enriquecimento com rachadinhas, sobre a propina nas vacinas etc.
O mal torna-se banal quando o membro de uma organização, seja ela política ou empresarial, separa os seus valores éticos individuais do comportamento duvidoso da organização, com a qual é cúmplice – no caso, o governo. E não é preciso apoiar, basta manter-se neutro. Esse é um dos princípios da banalidade do mal, conceito criado por Hannah Arendt (1906-1975), teórica política alemã, judia, no livro “Eichmann em Jerusalém”.
É isto o que vemos neste caso de censura. Não importa se por interesses políticos, aproximação ideológica, erro de entendimento primário, ou uma suposta neutralidade, censurar um material chamando a consciência do trabalhador contra o momento de barbárie política que vivemos é dar espaço para a opressão política de ideias sádicas, autoritárias, ideias de base fascista que só provocaram morte e destruição quando aplicadas ao longo da história.
Ao que parece, a gráfica já havia sido sondada por correligionários do bolsonarismo sobre a publicação de materiais críticos a este desgoverno. Contudo, a responsabilidade do que publicamos é do Sindicato, não da gráfica.
Este cenário fica ainda mais grave a cada dia com o avanço do bolsonarismo autoritário, de viés fascista, sórdido, chulo sobre as organizações e instituições. Hoje, por exemplo, é capa dos jornais que o general Braga Neto, ministro da defesa, mandou recado ao presidente do Congresso, o bolsonarista Arthur Lira, de que não haveria eleições em 2022 se não for no sistema de voto impresso.
O momento é grave. Estamos diante de uma ameaça de golpe de Estado por este governo. Não é possível se acovardar ou se manter neutro. A história não permite e não perdoa a neutralidade.
Quem pagou pra ver no que daria a eleição de um político inescrupuloso, expulso das forças armadas por problemas mentais, mas que agora a usa como escudo para vilipendiar a democracia e a sanidade mental dos brasileiros têm que descer do muro, fazer a sua autocrítica e se juntar à luta pelo Fora Bolsonaro e Mourão!
O momento é grave! O futuro da nação e dos futuras gerações depende do que construirmos hoje.
É fora Bolsonaro e Mourão, mas sem nenhuma confiança na institucionalidade burguesa. Sabemos que a luta direta é o motor da luta de classes!