quinta-feira, 15 de março de 2018

A luta de Marielle segue viva na luta da classe trabalhadora

Vereadora do PSOL fora executada junto com seu motorista após denunciar atrocidades da PM

A direção do Sindicato dos Químicos de São José dos Campos repudia a execução da vereadora Marielle Franco (PSOL/RJ) e do seu motorista Anderson Pedro Gomes em emboscada no bairro do Estácio de Sá, no Rio de Janeiro, na noite de quarta-feira, 14. Não se trata de assassinato. Foi execução.

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Marielle era voz de uma parcela da população marginalizada em função da pobreza, da etnia e da localização geográfica (morros e periferia). A companheira era feminista, mãe, negra, favelada e militante atuante das causas sociais. Fora executada ao voltar de um encontro para debater as condições sociais das mulheres negras, no centro do Rio de Janeiro.

A eleição de Marielli foi uma vitória do povo carioca contra o poder da burguesia nas eleições. Dos 51 vereadores do Rio de Janeiro, a maioria ricos e/ou patrocinados por grandes empresas, Marielle foi a 5ª mais votada com 46,5 mil votos, em 2016. A base de atuação dela fora principalmente o conjunto de 16 favelas que formam o complexo da Maré, onde nasceu.

Marielli e Anderson foram executados no asfalto, não nos morros. Isso diz muito sobre as circunstâncias da execução da vereadora, que era socióloga, mestre em administração pública e lutava contra a violência policial num país em que um jovem negro é assassinado a cada 21 minutos. Os dados são do Centro de Informações da ONU no Brasil, sediado no Rio de Janeiro.

Marielle era crítica e denunciava as atrocidades contra a população civil da intervenção militar no Rio de Janeiro. Moradores têm sido fichados nos morros e periferias. No dia 10 de março, Marielle denunciou que o 41º batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro está violentando moradores de Acari. Dois jovens foram mortos e jogados em vala comum.

Este batalhão tem o maior índice de letalidade de todo o estado fluminense. Segundo o ISP (Instituto de Segurança Pública), o 41º batalhão da PM do Rio registrou cerca de 450 mortes só nos últimos cinco anos.

Era contra este estado de descontrole e este tribunal de exceção que Marielle se levantava. Uma mulher inconformada com o estado das coisas e que acreditava na mudança, acreditava no poder das transformações sociais.

A luta de Marielle é a luta de um povo pobre, trabalhador, oprimido. A execução da vereadora e do seu motorista tenta barrar a luta por transformações sociais, tenta barrar a mudança, tenta barrar o sonho de que uma outra sociedade é possível.

A intervenção militar no Rio de Janeiro é resultado do fracasso da política de combate ao crime e não poderá jamais resolver a falta da presença do Estado nos morros, nas periferias, assim como nos centros com saúde, educação, lazer, cultura, qualidade e perspectiva de vida. Balas tiram vidas! Não resolvem problemas históricos complexos.

A luta de Marielle segue viva, é travada por milhares de trabalhadoras e trabalhadores, negros, brancos, pobres das periferias ou dos centros contra a criminalização da pobreza, a espetacularização de ações militares, que tem data para começar e acabar sem garantir segurança pública, e a supressão de direitos invioláveis do nosso povo.

Marielle presente! E sua, a nossa luta também! Abaixo a intervenção militar!

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